
PRÓLOGO – O ALIMENTO DAS REDES
Cara pessoa leitora, obrigada por ter chegado até aqui.
Este texto fará parte de uma série intitulada O NEGATIVO INFLUENCIADOR. Não estipularei nem dia, nem hora, nem data para alimentá-la. Quero sair deste espiral de produção de conteúdo na internet, embora este texto esteja sendo publicado em um site e será divulgado em redes sociais. Porém, percebo que o conteúdo textual longo está na contramão dos novos tempos. Por isso, recorro a este meio documental escrito para explicitar as minhas ideias. Tenha paciência com a sua narradora, J.G.― uma persona de Jacqueline Gama.
O termo, NEGATIVO, parte da memória nostálgica das fotos analógicas em que os negativos das câmeras tinham que ser retirados e revelados em laboratório. Existia um grande procedimento de delicadeza e paciência para que as imagens dos momentos representados fossem reveladas na fotografia. Inclusive, o nome revelação, remete ao mistério que precedia a foto, segredo este que perdemos de vista com a instantaneidade dos momentos, ao passo em que o negativo se tornou uma reação de polegar para baixo ou um comentário instantâneo.
Partindo destas inquietações contemporâneas de alguém que nasceu no contraste da foto negativa e do fato instantâneo revelado e postado, decidi pensar neste novo personagem que é o influenciador. Principalmente porque esta figura imperativa vem tomando o lugar do crítico, do jornalista, do professor, ou provocando um acúmulo de tarefas a eles. Este é o momento em que as redes sociais evocam a necessidade dos profissionais assumirem a persona do influenciador digital. Mas, o indivíduo que influencia exerce seu poder sobre quais pessoas? Quais instrumentos são utilizados? Ele pode ser influenciado também?
Ao influenciador contemporâneo cabem as redes sociais. A rede é o meio, e “o meio é a mensagem”, para corroborar com o conceito do teórico da comunicação, McLuhan. A câmera na mão e uma opinião na cabeça, parodiando Glauber Rocha, poderia ser o ditado dos novos tempos. Mas diferentemente do brilhantismo e ineditismo do cineasta, nos sobram superficialidades copiadas e malfeitas, neste local que chamamos feed.
Você sabia que a palavra feed significa alimentar em inglês? Então, quando estamos rolando, postando, curtindo ou comentando algo no feed, estamos alimentando-o. Deixo perguntas: alimentando o quê e a quem? A nós, a própria rede? Quem é a rede? Qual é o alimento? Exploraremos estas e outras questões nos próximos capítulos da série: O NEGATIVO INFLUENCIADOR.
Sua narradora pode até te decepcionar, ou fazer você amar dialogar. Dando legal ou negativo, venha comentar nas nossas redes: @soteroprosa.
-J.G.
Imagem de capa: Jacqueline Gama.
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