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Foto do escritorCarlos Henrique Cardoso

Stairway to Brotas: Jimmy Page na Bahia!



O texto de hoje é uma dica cultural e ao mesmo tempo um acontecimento curioso pra muita gente que curte um bom rock and roll. Trata-se do livro “Jimmy Page no Brasil”, escrito pelo jornalista Leandro Souto Maior e publicado em janeiro de 2021. Reúne passagens do famoso guitarrista do lendário Led Zeppelin no nosso país, entre 1994 e 2008, e sua moradia na cidade baiana de Lençóis, na Chapada Diamantina.


Há muitos anos eu sabia dessa estadia de Page por aqui. Na extinta revista Bizz, saiu uma pequena entrevista com ele intitulada “saudades do acarajé” onde conta esse momento de maneira breve, quando já havia retornado para a Inglaterra. Falava que sua casa em Lençóis havia se tornado um ponto turístico e que havia perdido a paz, pois todos queriam uma foto de recordação e tudo isso encheu seu saco. Na obra em questão, há muitos mais detalhes sobre essa fase. Também há um pequeno documentário no Youtube.


Page teria conhecido a norte-americana Jimena Gomez durante uma turnê na Argentina, onde ela estava visitando os pais. Gomez era sócia de uma pousada em Lençóis, onde morava. O namoro engrenou e Page adquiriu uma casa por lá. Tiveram dois filhos e ele criou junto com ela uma menina que era filha de Jimena com o saxofonista Luciano Silva, que na época tocava com Margareth Menezes. Na entrevista para a Bizz, havia a informação que ele passava uns tempos aqui em Salvador, no bairro de Amaralina. Também recordo que muita gente conversou comigo afirmando ter visto “um gringo famoso” pela orla do bairro ou “aquele cara daquela banda”.


Na Chapada, Page vivia recluso, mas de quando em vez aparecia maltrapilho realizando pequenas apresentações (épicas pra quem viu!) com um violão a tiracolo, querendo fazer um som com a turma local. Em função de sua pouca preocupação com o figurino, ganhou o apelido de “Jimmy Lama”. Como quase sempre estava “mamado”, diziam que ele não tocava bem, segundo relatos. Executava muito mal as músicas do Zeppelin e irritava a galera, pois não conhecia nenhuma música de Raul Seixas (“toca Raul”, pediam as pessoas que o acompanhavam nas rodinhas).


Page frequentava muito São Paulo e Rio de Janeiro, inclusive inaugurou a Casa Jimmy Page na capital carioca. Apesar do longo tempo de residência, fez apenas um show oficial, em 1996, no Hollywood Rock, com seu eterno companheiro Robert Plant. Apesar de prometer participar do show do Iron Maiden no Rock in Rio de 2001, a apresentação, infelizmente, acabou não rolando.


Page, porém, conheceu e tocou com vários artistas brasileiros. No livro, há entrevistas com Gilberto Gil, Daniela Mercury, Armandinho, Pepeu Gomes, Margareth Menezes, Paulo Ricardo, Frejat, Herbert Vianna, entre outros. O prefacio é de Ed Motta e o posfácio de Sebastião Reis, filho de Nando Reis (“O mundo é bão, Sebastião, o mundo é bão, Sebastião...). Page ainda participou do programa de Gugu Liberato, no SBT, e fez ponta em uma novela da Globo! Pelo que consta no livro, as casas adquiridas em Lençóis (três) estão alugadas.


Toda essa fascinante história me faz refletir que, apesar de Page passar alguns tempos por aqui, dificilmente a cidade abrigaria um show do artista. Salvador costuma ficar fora da rota de grandes shows internacionais. Recife e Fortaleza recebem bem mais espetáculos nas turnês de reconhecidos nomes do rock. Imagino que mesmo Page morando aqui entre 1994 e 2008 (não de maneira continua) ficaríamos fora do circuito numa pra lá de hipotética reunião do Led Zeppelin tocando no país. Décadas atrás, mesmo artistas como Titãs, Paralamas do Sucesso, Skank, só faziam shows “casados” com nomes da axé, como Cheiro de Amor e Asa de Águia, o que reforça um mercado interno efervescente, mas sem tutano para produções de grande monta. Apesar de nomes como A-há, Dire Straits, e Ray Charles terem se apresentado por aqui, vieram em momentos de baixa repercussão internacional, com carreiras a serem resgatadas, fora do grande auge.


Fica a dica! Quanto a referência ao bairro de Brotas, foi pura galhofa minha. Não sei se o guitarrista subiu suas escadarias de acesso. Mas quem sabe Page não deu uma passada lá pra comer um espetinho?


FONTE:






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