SOUL: A BATIDA DA VIDA
- Equipe Soteroprosa
- 30 de dez. de 2020
- 3 min de leitura
Um homem, a paixão pela música, o grande sonho e o proposito de vida. Esses são alguns adjetivos que poderiam dizer sobre Soul. O mais recente lançamento da Pixar, atualmente hospedado no streaming Disney plus. A animação aposta no mais íntimo dos sentimentos, na missão e no propósito de vida.
Soul, assim como diversas outras produções dos estúdios Disney Pixar, meche com o imaginário coletivo ao apresentar um cenário de uma pré vida. O filme dá bastante atenção a pergunta do que fomos e do que seremos, dentro de uma perspectiva bastante profunda das relações sociais e do contato com o mundo.
Em diversos momentos, os seres humanos se perdem nas ansiedades, nas melancolias, nas metas financeiras. Tudo isso pode corroer e distanciar a humanidade da conexão com o planeta, da apreciação do céu, do gosto de uma comida, do cheiro da natureza, do som de uma boa música, dos afetos e das memórias felizes. O filme promove um choque na personagem principal sobre essas questões, indo além ao penetrar um inconsciente coletivo dos desejos e medos humanos.
Assistir a Soul faz com que o espectador experiencie uma sensação de paz ao assistir um bom filme. Além de salvar a alma da personagem principal de uma vida sem proposito, o encantamento do roteiro audiovisual está na identificação e em um ímpeto de reflexão: é preciso se cobrar menos e apenas viver, apenas seguir o ritmo da música que a vida oferece e entrar em um estado de nirvana.
O filme abre um portal para outro mundo, não só o das almas e o da música, mas coloca o espectador em uma viagem para dentro de si. Na perspectiva de Soul: a função no mundo deixa de ser apenas a da profissão, invocando a importância dos afetos, das atitudes e da posição de alteridade. O filme consegue capturar a atenção do espectador para esses pontos de convivência consigo e com o outro de maneira sutil, mas ao mesmo tempo catártica.
Em consoante com o roteiro extremamente sensível e certeiro na escolha das temática propostas, a produção audiovisual também aposta em questões indenitárias em sua construção, como o protagonista negro Joe e uma história feliz de ancestralidade, já que ele é muito próximo da mãe e o pai o ensina Jazz desde criança. Ou seja, fugindo dos estereótipos do negro fracassado ou da ruptura familiar.
Outro fator curioso e não menos importante é o nome Soul, além de significar alma em inglês, também é um subgênero do jazz. Ou seja, uma sacada interessante para a storytelling. Mais ou menos o que aconteceu com a tradução de Divertidamente para o português brasileiro, algo como mente divertida, a qual brinca com quem a possui. Inclusive, soul, tanto na técnica cinematográfica como no enredo se assemelha muito a essa outra animação de 2015, a qual ganhou o Oscar.
Soul, com certeza é um forte candidato para as premiações de 2021 no que tange a filme de animação. Entretanto, não é uma obra que deva ser resumida a seu caráter estético impecável, mas com ela é possível ver a mensagem além da imagem. Soul, é um desses filmes que penetram a alma e fazem lembra que somos capazes de superar as dificuldades, melhorar, se levantar após um ano ruim, uma situação ruim ou um dia ruim. O segredo é seguir a batida da alma.
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