Entre o ônibus e o carro, prefiro carro.
Entre a cerveja e o champagne, prefiro champagne.
Entre o calor e o ar-condicionado, prefiro o ar-condicionado.
Entre a escrita acadêmica a literária, prefiro a literária.
Será que todas as minhas escolhas dizem que sou refinada? Enfim! Pode chegar a conclusão que desejar. Porém, há um fato que merece ser debatido: O que torna mesmo suas ações superiores, requintadas, sofisticadas... ah! Polidas?
A história brasileira foi marcada pela violência e brutalidade, assim a postura de “dominador- colonizador” é natural e daí seguimos rotulando: isto é bom! Não, não! Isso é lixo cultural. O ideário dominador segue também quando o assunto é o idioma. Somos os falantes que mais tem aulas da própria língua e o objetivo não é para admirar produções literárias e ser conduzidos a reflexões gloriosas, mas para aprender o que foi formulado por uma elite.
“(...) Depois da assim chamada independência, em 1822, a reduzida elite nacional masculina e escravagista se divertiu com a chamada “questão da língua brasileira” um jogo de salão que, por isso mesmo, nunca alterou de fato as relações sociolinguísticas do país: o padrão vigente em Portugal, de inspiração literária “clássica”, preservou seu estatuto de única língua “certa” (ou legítima, conforme a definição de Pierre Bourdieu) de único objeto de ensino, até porque o ensino era privilégio daquela mesma reduzida elite.”[1]
Isto posto, consegue entender o porquê de imagens do Machado de Assis ser branqueada inicialmente no caminhar da história literária? Ou o porquê de Patativa do Assaré, Maria Firmina dos Reis e Carolina Maria de Jesus serem deixados ao lado? É óbvio que não dá para ir à praia de paletó. Porém, urge a necessidade de estabelecer limites entre o culto e o popular. Caso o contrário, coloquem as máscaras! A hipocrisia tornou-se o seu lar tal como o gênero nomeado de Música Popular Brasileira, sendo que os seus intérpretes não são nada populares. Na verdade, são a personificação de um produto elitizado. Quer uma prova? Compare o preço dos shows de artistas ditos “cultos” e “populares”
Semana Passada, não me espantou a notícia que Gaby Amarantos ao ser entrevistada por uma rádio ouviu um “Suas músicas não se enquadram aos ouvidos do público elevado da rádio.” Contudo, tais ouvintes podem ouvi-la para falar da importância cultural do Norte? Bem... o pedido de desculpas foi registrado por parte da emissora, mas isso não é novo. Lembro-me de ter comentado uma vez em sala de aula que a música “Comentário a Respeito de John” circula por certas rádios com apenas a voz da Vanessa da Mata. João Gomes que divide esse feat? Nem pensar. E isso também ocorreu com a canção “Geleira do Tempo” de Anavitória. Nas rotuladas rádios elitizadas é possível ouvir a voz do duo feminino, mas Jorge Mateus que compartilha os vocais nessa canção? Ah... Nem pensar!
Não defendo certas produções que carece tanto de revisões nos mais diversos aspectos, não obstante, clamo pelo bom senso. Afinal, o que mesmo muitos irão fazer caso João Gomes seja, de fato, o ganhador do Gramy Latino pelo álbum raiz? E se a Gaby for também premiada no Gramy pelo álbum Tecnoshow?Espero que haja um pouco do que Darcy Ribeiro disse: "Mais alegre, porque mais sofrida. Melhor, porque aberta à convivência com todas as raças, todas as culturas e porque assentada na mais bela e luminosa província da terra. (Ribeiro, 1996, p. 455)
PS. SIM! NEM TUDO É TCC!
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[1] Disponível em: https://parabolablog.com.br/index.php/blogs/erro-de-portugues-de-onde-vem-essa-ideia
Adorei! Divertido com um toque de reflexão! Parabéns!