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OS EFEITOS DA TECNOLOGIA NO MUNDO DO TRABALHO. VOCÊ SABE?





Apenas para contextualizar, nesta reflexão usaremos uma definição simplista e abrangente de "tecnologia", essa definição é resultado de uma pesquisa que realizou uma investigação sistemática sobre o conceito de tecnologia, levando em consideração as diferentes formas, ao longo da história, em que esse termo foi usado. Ao final do trabalho, os autores da pesquisa chegam à conclusão de que a tecnologia “abrange um conjunto organizado e sistematizado de diferentes conhecimentos científicos, empíricos e intuitivos” (VERASZTO; MIRANDA; SILVA; SIMON, 2008, p. 79). Com essa definição, passamos a entender as tecnologias como conhecimentos específicos produzidos pelas sociedades e que possuem naturezas diferentes, é importante destacar isso porque, influenciados pelo nosso contexto, algumas pessoas tendem a associar tecnologias apenas com tecnologias da informação, mas isso é um equívoco.


O trabalho, nas sociedades capitalistas, tem sido pensado sobre uma lógica de controle dos (as) trabalhadores (as), do tempo e da própria subjetividade, todos com interesse em obter lucro. Nosso contexto é, de fato, muito influenciado pelas tecnologias da informação. Diz-se que estamos vivendo em um capitalismo informacional, em que temos o desenvolvimento de novas tecnologias, principalmente relacionadas ao desenvolvimento da tecnologia da informação e redes de comunicação de dados.


Diversos setores de trabalho e para diferentes finalidades (construção de banco de dados e redes, mapeamento de riscos e tomada de decisão, etc.), a tecnologia da informação tem sido utilizada, para que seja possível gerenciar melhor e com mais agilidade os serviços que, sem essa tecnologia, seria um processo mais demorado e custoso. E essa situação tem sido quase um imperativo para qualquer organização, em qualquer setor, seja educacional, hospitalar, industrial, etc. A credibilidade dessas organizações também é medida pelo investimento nessa área, no uso dessas tecnologias para melhorar a gestão, principalmente organizações que pretendem lidar com um número maior de pessoas, por assim dizer, para participar da competitividade com excelência. Perceba que a cobrança pela adesão dessas novas tecnologias discrimina organizações que não possuem tanto capital para investir e cobra mais dos (as) trabalhadores (as) que, em alguma medida, precisam aprender a lidar com essas novas tecnologias informacionais.


Com essa mesma lógica de sociedade de redes sociais virtuais, temos produzido cada vez mais dados e um dos grandes benefícios das tecnologias da informação é a capacidade de obter, armazenar e gerenciar uma enorme quantidade de informações, de diversas naturezas. Dito isto, quase não há outra opção para as empresas, além de investir. O uso de qualquer tecnologia na produção não apenas altera os processos, mas também agrega valor.


É inegável que os sistemas de informação ampliaram a capacidade das empresas de produzir e atender em larga escala, inclusive as metas de acumulação também aumentam. É necessária mais qualificação profissional por parte dos trabalhadores, incluindo o domínio das novas tecnologias, além, é claro, das famosas metas de produção. O medo do desemprego serve de incentivo à permanência no emprego, e isso não é novidade, mas a escala parece aumentar, as pessoas estão tendo que se qualificar cada vez mais para não serem facilmente substituídas por esses serviços.


Como tendência do nosso tempo, a discussão sobre saúde mental nestes novos ambientes de trabalho acaba ganhando destaque e muitos apontam que há condições ambientais ainda melhores, mais agilidade, enquanto o medo do desemprego e a pressão continuam sendo uma realidade relevante para problematizar esse fenômeno. O controle é fortemente baseado na possibilidade de vigilância diária, e isso acontece em larga escala, com “bater ponto”, câmeras, senhas digitais pessoais e até monitoramento de e-mails, além da verificação diária de metas, tudo de forma automatizada e ágil.


No sentido geral, é sim dito também que existem questões positivas sobre esse fenômeno que tende a agradar a todas as pessoas envolvidas, principalmente em relação a agilidade, que agrada gestor (a), trabalhador (a) e clientes. Mas precisamos entender o que está por trás do óbvio, por isso as perspectivas críticas evidenciam as relações de subordinação, que mesmo enfeitadas, estão agindo. Esse tipo de problematização também está sendo feito sobre outras modalidades novas de trabalho que a primeira vista parece trazer mais autonomia aos (as) trabalhadores (as) mas no fim das contas parecem ter é aumentado a autocobrança, diminui a auto responsabilização da empresa e borra a relação empregado (a) - patrão (a) (no caso do uber e ifood, por exemplo).Toda essa discussão tende a ficar ainda mais interessante quando incluímos conclusões referentes à indústria 4.0, que parece radicalizar a substituição de pessoas por máquinas e sistema informacional no processo produtivo.

Dito isso, observamos que as novas tecnologias de sistemas de informações trazem muitos benefícios de gestão ao mesmo tempo que continua a substituir alguns trabalhos menos qualificados e aumentar a vigilância e cobrança de trabalhadores (as).



*Marcos Antônio Marques

Bacharel em Ciências Sociais (UFPI)

Mestrando em Sociologia (UFPB)


Referências e indicações de leituras:


VERASZTO, E. V; MIRANDA, N. A. de; SILVA, D. de; SIMON, F. O. Tecnologia: Buscando uma definição para o conceito Technology: Looking for a definition for the concept. PRISMA.COM nº7 2008. ISSN: 1646 - 3153. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/266374098_Tecnologia_Buscando_uma_definicao_para_o_conceito_Technology_Looking_for_a_definition_for_the_concept>. Acesso em: 21/11/2021.


SANTOS, A. C. B. dos; NEPOMUCENO, L. H. Tecnologia, Processo de trabalho, Controle, Subjetividade: Crítica das Intervenções Tecnológicas no Lócus do Trabalho. In: V Encontro de Estudos Organizacionais da ANPAD, 1-16, 2008, Belo Horizonte - BH. Disponível em: <http://www.anpad.org.br/admin/pdf/EnEO36.pdf>. Acesso em: 21/11/2021.


JÚNIOR, I. P. G; PENHA, L. M; SILVA, C. M.A IMPORTÂNCIA DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO COMO FERRAMENTA PARA O PROCESSO DA GESTÃO HOSPITALAR NO SETOR PRIVADO: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR EM FEIRA DE SANTANA (BA). Revista de Gestão em Sistemas de Saúde - RGSS, São Paulo, v. 2, n. 1, p. 91-115, jan./jun. 2013. Disponível em: <http://www.revistargss.org.br/ojs/index.php/rgss/article/view/57/96>. Acesso em: 21/11/2021.


RODRIGUES, A. C. B. TELETRABALHO: A TECNOLOGIA TRANSFORMANDO AS RELAÇÕES DE TRABALHO. Tese (Mestrado) - USP, 2011, São paulo.


JANSEN, A. C; MAEHLER, A. E. O USO DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO COMO MECANISMO DE CONTROLE: ANÁLISE DE MÚLTIPLOS CASOS NO SETOR BANCÁRIO. DESENVOLVE: Revista de Gestão do Unilasalle, Canoas, v. 5, n. 1, p. 135-152, mar. 2016. Disponível em: <https://core.ac.uk/download/pdf/229391896.pdf>. Acesso em: 21/11/2021.

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