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O QUE FALTA? INTERPRETAÇÃO DE TEXTO




Não me recordo se na última quinta-feira fez sol ou chuva, mas não esquecerei de uma confusão com um certo ar de realeza. E não me refiro ao Rei Charles, Príncipe William ou de alguma declaração chocante da série Harry e Meghan. No Supremo Tribunal Federal foi realizada uma defesa, na qual as obras “O pequeno príncipe” de Antoine de Saint- Exupéry e “O príncipe” de Maquiavel foram utilizadas. Conforme a afirmação do Ministro Alexandre de Moraes “(...) São obras que não tem absolutamente nada a ver.” Ao ver os diversos memes com a situação, só pensava que se a Literatura fosse uma pessoa ela diria: - Que pensamento maquiavélico!


No entanto, recordo-me que já troquei nome de pessoas e uma porção de outras coisas e foi fácil rir e aceitar a minha confusão, pois como avisara o grupo Revelação “(...)todo o mundo erra sempre. Todo o mundo vai errar.” Contudo, o que faz toda essa notícia merecer holofotes? Existe uma frase bem corriqueira na internet que diz “Estimule o seu filho a fazer interpretação de texto na escola, em casa, na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê.” E essa é a resposta. O desvio de referência o que todo o mundo já sabe. A educação anda mal. O tratamento que se dá a língua portuguesa é esdrúxulo.


Não é possível que ainda haja tantos métodos de fixação de regras, listas e listas de conjugações verbais sem um dado contexto, bem como é inacreditável que ainda se entregue uma folha em branco e esperar que o aluno apresente o melhor texto no estilo nota 1.000 do ENEM. De acordo, com Travaglia (1996) uma das concepções da linguagem é que o texto é um lugar de interação. Isto posto, não cabe apenas uma exposição, mas ouvir o outro. Todo sujeito é dotado do seu tempo e sociabilidade, então vamos dialogar. Quando encontro letrólogas falo sobre o prazer que é estudar Bakhtin.


Análise de discurso hoje, amanhã e sempre. Afinal, “a palavra é uma espécie de ponte lançada entre mim e outros.” E você? Tem medo de atravessar a ponte? A cada dia vejo bibliotecas e livrarias pelas cidades fechando. E isso só vai aumentar as chances de cenas como já do citado advogado repetir-se. Se você não tem acesso aos livros… não cria memórias. Assim, não cria um repertório o suficiente para poder usar como referência por aí. É mentira que os jovens não gostam de ler. Na verdade, eles não têm repertório sociocultural. Ninguém os apresentou o mundo e as suas múltiplas leituras. De quem é a culpa? Isso é conteúdo para um próximo texto. Todavia, sigo como uma entusiasta da leitura. Cansada às vezes, mas sigo firme. Foi isso que pensei quando após reclamar do peso dos livros que levei da minha prateleira para aula, de repente acessei o Instagram e vi que uma aluna tirou a foto de um dos textos que eu levara (e reclamara do peso) e lá ela registrou que a minha atitude era mais que ensinar a escrita. Era ensinar a vida. Bem... Que peso sentir? Nenhum. Apenas, seguir entusiasmada lembrando como um bom livro salva um dia e dessa referência não esquecerei e não trocarei por outra.


PS. A propósito. Ela traiu ou não traiu?


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