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O QUE ESTÃO FAZENDO COM O PROFESSOR(A) E A EDUCAÇÃO?!





Educação é um ato intencional imposto de fora sobre uma criatura que deve ser formada como ser humano. Sendo um ato intencional e externo, ele é desempenhado primeiramente pelos que antecedem na vida social os que estão sendo formados. Nesse sentido, Kant igualmente assegura que a geração mais velha deveria educar a geração mais nova.[1]

 

Semana passada saiu um ranking de educação mundial, que mede o nível de conhecimento de estudantes de vários países. Especificamente, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que “tem o objetivo de gerar indicadores que possam contribuir para a discussão da qualidade educacional nos países participantes”[2]. É avaliado ciências, matemática e leitura. A colocação do Brasil continuou a desejar. [3]


De uns tempos para cá, tenho observado o quão degradante tem sido o papel do professor perante a sociedade brasileira. Me refiro a constante falta de respeito aos mestres, mas também ao papel tolo que eles têm se prestado para convencer os aprendizes de que os assuntos são importantes.


Uma primeira constatação: o professor tem se tornado uma espécie de amigo ou animador em sala de aula; segunda constatação: o professor tem rebaixado o nível de ensino para alcançar alguma aprendizagem do alunato. Por que o professor tem agido de tal forma? É culpa só dele? Tenho uma hipótese descrita a seguir.


Não há um projeto construído coletivamente, pensando na formação dos jovens. É cada professor inventando seu jeito para chamar atenção dos alunos e fazer com que eles, minimamente, prestem atenção ou aprendam algo. O professor busca sobreviver no meio da bagunça. É o professor amigão da turma; o professor bonzinho que não cobra; o professor animador de plateia; o professor tiktoker dançarino. Vários tipos. Mas estamos carecendo da formação humana, de pessoas responsáveis e comprometidas em ensinar e aprender ciência, arte, filosofia, cidadania. Isso tudo aplicado ao nosso cotidiano, conectando teoria e prática, sempre que possível. Mas sem rebaixamento cognitivo.


O ser nascente, não homem, necessita, pois, receber uma formação completa para poder existir junto aos outros homens como um ser igual e completo. Nesse sentido, se diz da Educação que ela é uma totalidade, pois sua ação formativa abarca tanto a dimensão física quanto a intelectual, tanto o crescimento da competência de cada educando para se autogovernar quanto a formação moral que o leve a um adequado relacionamento com os outros homens.[4]

 

Educação não é brincadeira. Há técnicas lúdicas de aprendizagem, claro, principalmente na educação infantil, mas essas técnicas não podem substituir métodos. Não precisamos de “inventismo” ou improvisos.  Precisamos de um método comum que seja aplicado, discutido e aceito pelos pares. Não é totalitarismo, pessoal, não se assustem. Trata-se da necessidade de formação pensando em um projeto de futuro para o país, da educação básica até a superior.


Não é à toa as degradantes pontuações da Pisa. Isso não é uma surpresa. Para uma Nação que não sabe para onde quer ir, qualquer método vale, qualquer caminho é aceitável. Rebaixar a complexidade dos conteúdos; desobrigar a cobrança e responsabilidade diária dos educandos; não impor autoridade na função de educador, isso tudo tem ridicularizado a função do professor. Infelizmente, é isso que está em curso. Contudo, não podemos esquecer que não há uma estrutura sólida e realmente ampla que valorize o salário e o plano de carreira decente para os mestres, o que implica um enorme desinteresse na licenciatura.


É preocupante para a nossa sociedade esses estudantes que saem do ensino básico. Sem saber ler, sem entender o que é ciência e senso comum, sem formação ética adequada, sem capacidade de refletir um texto, ou mesmo fazer operações matemáticas básicas. E isso tudo terá consequências maiores na formação profissional, mas também na constituição de um cidadão comprometido com a democracia e os direitos e deveres de uma República.  


Por fim, um país que não investe em educação nunca sairá da condição subserviente e colonizada.


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Notas

[1] RODRIGUES, Neidson. Da Formação Humana á Construção Do Sujeito Ético. Educ. Soc. vol.22, n.76, Campinas, p. 240, Oct. 2001.

[4] RODRIGUES, Neidson. Da Formação Humana á Construção Do Sujeito Ético. Educ. Soc. vol.22, n.76, Campinas, p. 242, Oct. 2001.

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carlosobsbahia
carlosobsbahia
Dec 12, 2023

Uma boa reflexão. São os métodos de cursinho invadindo a sala de aula.

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