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Foto do escritorAlan Rangel

O que esperar do governo Lula III?





Após a cerimonia da posse do presidente Luíz Inácio Lula da Silva, em seu terceiro mandato, inédito na Democracia brasileira, há desafios importantes a serem enfrentados. Baseado em uma nuvem de palavras dos discursos de Lula na posse do dia 1 de janeiro, construído pelo cientista social baiano, professor Cláudio André, da UNILAB, analiso alguns desses desafios.



Fonte: twitter: prof.claudioadré



A primeira palavra em destaque é país. O que esperar do Brasil nos próximos anos? Reconstrução. Significa fortalecer o papel das instituições, entes de Estado e não de governo, muito machucadas pela gestão Bolsonaro e seus apoiadores anti republicanos; e, ao mesmo tempo, melhorar a imagem do país perante o cenário internacional. Precisamos sair da condição de pária e do isolamento político e econômico, em alguns setores, ao qual fomos empurrados nos últimos anos, simplismente por questão de ideologia retrógrada. É necessário, também, trabalhar para tornar a pátria protagonista no combate ao desmatamento e preservação do meio ambiente. Somos responsáveis também pelo futuro do planeta, e não podemos lavar as mãos para isso. Nesse ponto, é crucial avançar nas energias renováveis que garantem sustentabilidade global.


Uma segunda palavra importante, e muito citada, é acesso. O que significa? Acesso é a possibilidade que todos os cidadãos sejam atendidos com as políticas públicas, independente das condições sociais, culturais ou biológicas. Há também um grande desafio de sair do mapa da pobreza, como aponta os dados abaixo.


Em 2022, o Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil apontou que 33,1 milhões de pessoas não têm garantido o que comer — o que representa 14 milhões de novos brasileiros em situação de fome. Conforme o estudo, mais da metade (58,7%) da população brasileira convive com a insegurança alimentar em algum grau: leve, moderado ou grave (Fonte: Agência Senado).

O combate à pobreza foi uma área bastante citada por Lula, antes e após as eleições. E, nesse ponto, o desenvolvimento econômico não pode está dissociado do desenvolvimento social. Ressalto também o acesso mais amplo e fácil à saúde, tão mal tratado nos últimos anos, onerando os mais pobres.


Uma terceira palavra que destaco é Democracia. Não podemos esquecer que esse regime político é sinônimo de inclusão e igualdade. Democracia não é só um método eleitoral para colocar políticos no poder. Democracia não se resume ao voto da maioria. É mais do que isso. Democracia tem a obrigação de fomentar a igualdade em todas as relações possíveis; de possibilitar que todos os indivíduos e grupos, maiorias ou não, sejam respeitadas em seus direitos. Afinal de contas, todos são cidadãos, independente de raça, cor, sexo, gênero, etnia, idade e debilidade física. Todos devem ser contemplados.


O princípio fundamental da nossa Constituição de 1988 é tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida de suas desigualdades. Por isso, devemos levar em conta as diferenças para que não criemos mais desigualdades. Esse é o tratamento isonômico, a verdadeira democracia. Não é o reino dos mais fortes, do individuo por si mesmo. Esse pensamento que foi propagado nos últimos anos é um retorno ao estado da lei da selva. É desse estado de natureza, de barbárie, de cada um por si, desse neoliberalismo cotidiano que devemos nos livrar. Que retornemos à civilidade.


E para terminar, acredito que voltamos a uma normalidade. Que normalidade, você pergunta? Defesa da ciência, da saúde, da educação, da universidade, da respeitável e séria diplomacia com todos os países; reconhecimento de que há racismo, homofobia, transfobia, misoginia, perseguição aos povos originários e suas terras no país; respeito à existência do Estado de Direito e suas instituições livres. Minimamente é isso que esperamos dessa nova gestão do PT. Que a banalização e glamourização da ignorância e da mentira desapareçam. É o mínimo que esperamos. E que todos os envolvidos com a delinquência dos últimos anos sejam exemplarmente punidos.





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Ótimo texto! Amei saber que as palavras que se destacaram levam a um caminho de discussão profunda sobre os caminhos da sociedade e não de lados políticos.

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