Nunca fui de acompanhar o Big Brother. Por achar chato mesmo. Mas, nessa última última edição acompanhei cada segundo torcendo por uma candidata incondicionalmente: a Juliette
Junto a minha namorada, perdi a quantidade de vezes que dei risada e torci por Juliette como se tivesse vendo o Bahia em campo. A moça nordestina com personalidade e voz tinha nos conquistado. Não me julgue. De todo modo, eu não me arrependo.
Quando terminou o BBB com ela como campeã e o coro para sua carreira de cantora acontecer, pensei: "finalmente teremos uma pessoa no topo da mídia com um repertório diferente".
Isso, porque, Juliette mostrava no programa ter um gosto musical com base no que a gente não tá acostumado a ver entre os participantes do reality; um apresso por MPB, música regional nordestina e sertanejo "raiz".
Nada contra os outros estilos, mas tem muito tempo que a gente não ouve esses no topo, né não?
Alguns meses depois da participação no BBB, saiu o primeiro EP de Juliette. Como tava na torcida (e na curiosidade) para vê-la como cantora, com muitas expectativas do que seriam as próximas composições que, certamente, estariam no topo das paradas musicais nacionais, fui conferir logo o álbum.
Mas, preciso dizer que fiquei espantado. O EP de lançamento de Juliette foi... digamos assim... difícil.
Não sei se foi a quebra cruel de expectativa ou o fato dos produtores soarem como extremamente preguiçosos, tanto na composição de letras como no uso dos instrumentos.
Vamos lá. Para começar, nenhuma das músicas foi escritas por Juliette. Mas nem pense em crucificar a moça, até porque, isso é mais do que comum na música. Poucos artistas do mainstream compõe as próprias letras.
A voz de Juliette, mesmo pouco aproveitada, nos oferece um aconchego. Aquela voz bonita que tem ela, junto com o sotaque nordestino, nos dá uma paz...
O EP começa como a música "Bença". Não vou mentir... até gostei do instrumental. É uma canção que começa promissora. Muito promissora. Porém, a letra dá uma certa vergonha alheia. Os compositores misturaram um monte de frases de efeito "nordestinas" que resultaram numa música com um teor estereotipado do nordeste.
Em seguida, no álbum, vem a que eu acho a maior bola fora do EP. "Diferença Mara" tenta levar a participante com mais personalidade do BBB para o convencional (e já enjoativo) sertanejo universitário. Antes que você reclame, conheço pessoas que gostam do estilo, mas se afastam de locais com esse repertório.
Essa doeu na alma, pois o trunfo de Juliette é a sua singularidade. Colocaram ela para cantar um sertanejo estilo "Marília Mendonça" e feito de qualquer jeito. Deu uma sensação de "preguiça" por parte dos envolvidos. Pois fez mais do mesmo sem fazer questão de esconder o teor comercial da música.
Felizmente, chega a terceira faixa. E finalmente chega a música que superou minhas expectativas. "Doce" mistura a leveza presente em músicas da nova MPB (sem exagero) com música nordestina. E, sinceramente, essa música deveria guiar o álbum.
A letra espetacular alinhada a um instrumental MUITO bem trabalhado nos entrega a música que todos esperavam que Juliette algum dia cantaria. Inclusive, fiquei botando essa música pra repetir algumas várias vezes de tão boa.
Talvez, pelo fato de ser a música com mais personalidade do álbum, “Doce" será presença frequente na minha playlist. Uma música digna de ser cantada por Elba Ramalho. Inclusive, bateu essa curiosidade.
Mas, logo perdemos o “Doce” da boca com a quarta faixa, voltamos a nossa programação normal. A música "Sei Lá" trás uma sensação de ser conhecida, principalmente se você já ouviu o álbum acústico do Natiruts. Porque essa música é aquilo lá. Inclusive, com passagens que ficam na linha tênue da cópia. Sei lá... vai que, né...
Se "Sei Lá" nos mostra a mistura "Natiette", “Benzin”, a quinta música, é quase um Juliette feat. Anavitoria. Uma música bem cansativa e enjoativa. Bem "chiclete"
Já a faixa final, "Vixe que Gostoso", repito tudo o que eu falei da segunda faixa. Acho que a preguiça dos compositores me contagiou demais nessa. Faço questão de dizer uma coisa: é tão nada haver com Juliette que parece que ela ta fazendo cover da própria música.
Sei que você já deve tá pronto para jogar ovos na minha janela. Afinal, tô falando do EP da nova namoradinha do Brasil. Mas tem um motivo de eu não ter deixado esse álbum passar.
Juliette poderia ser a líder de uma nova onda musical. A chance de trazer algo diferente para as rádios. Mas não... os produtores fizeram questão de trazer um EP "mais do mesmo".
Isso é, no mínimo, revoltante. Pois é como se só pudesse ser ouvido esses estilos no Brasil. Eles até tentaram dar uma enganada com safira, triângulo e zambumba. Mas não conseguiram...não desceu.
No fim, virou um EP com músicas para serem fundo de conversa. Para quem ouve música apenas para terem um barulho enquanto conversam.
E fica aqui minha esperança de eu não ser a única pessoa que percebeu isso. Que venham mais músicas que nem "Doce", e menos músicas que nem "Vixi Que Gostoso". Porque, esse álbum azedou, viu!?
Imagem: Capa do álbum "Juliette", retirado do instagram oficial @Juliette
Mesmo gostando muito dela concordo com tudo dito. Uma pena ela ter aceitado se submeter a isso. Ela merecia mais.