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Foto do escritorJacqueline Gama

NECESSITAMOS SER BICHO



Eles lambem, se eriçam, cantam, vem em nossa direção trotando, pulam, miam, ronronam, fazem do nosso carinho um porto seguro, esses são os animais, cada um com sua peculiaridade. Os cachorros sempre muito parceiros, normalmente seguem seu tutor com tamanha devoção, latindo para os possíveis perigos, pulando de alegria e lambendo nossas lágrimas.


As aves despertam pela manhã cantando ou gritando (se você tiver um papagaio), querem dar pequenas bicadinhas e receberem carinho na cabeça e no corpinho, nesse ponto, são muito parecidas com os cachorros, não negam um carinho e é nele que o ato de amor se concretiza.


E quem disse que jabuti não fala? Eles se comunicam, quando ouvem o nome saem do esconderijo, se você os abraçar, eles podem até te beijar, mas não se engane, guarde o polegar e o dedão do pé para ele não morder (brincadeira). Assim como os outros animais, eles só mordem ou ficam estressados quando estão com fome ou querem algo que não entendemos, mas os observando bem de pertinho é possível deixá-los felizes e voltarmos aos carinhos.


Seis e meia, hora de acordar e tomar café, meio-dia almoçar, seis horas jantar e as nove já estão dormindo, muita água durante o dia e sol. Eles nos ensinam que é necessário seguir uma rotina e uma vida saudável. Os pássaros dão rodopios, os cachorros correm, mas depois do almoço tem o cochilinho e está tudo bem, não só de trabalhos e travessuras vivemos. Eles nos mostram que a rotina é importante para manter o bem-estar.


E quem acha que bicho não pensa está muito enganado, eles sabem quando estamos tristes ou felizes e se recolhem quando reclamamos com eles, mas depois de um beijo na cabeça ou um carinho no pescoço, está tudo bem, o perdão é tão rápido quanto o recomeço das brincadeiras.


Se são seres tão carinhosos e dóceis, por que ainda muitas pessoas maltratam os animais? Não é por classe social, afinal, muita gente em situação de rua trata seus bichos de estimação como filhos ou melhores amigos. Também não creio que isso seja por religião, ou raça ou gênero, mas simplesmente pelo desejo de maltratar o mais fraco.


Os defensores ambientais chamam isso de especismo, quando o ser da espécie mais forte (nós humanos) exerce o poder sobre os seres mais fracos (os animais), afinal, bichos não confeccionam armas e não atacam por prazer, mas sim por se sentirem ameaçados ou pela necessidade de se alimentar, o importante para eles é a sobrevivência.


Há no humano esse lado grotesco do desejo pela violência e esse ânimo acaba sendo descarregado nos animais, logo eles que mais nos amam ou tem a capacidade imensa de nos amar. A psicanálise explica nosso desejo de violência, essa pulsão de morte, pensando em Freud. Assim como a filosofia de Hannah Arendth e sua banalidade do mal. Apesar das explicações, continua sendo difícil aceitar a crueldade do humano diante da bondade dos animais.


Entretanto, nem tudo está perdido, afinal, muitas pessoas cuidam dos animais como entes queridos ou melhores amigos, é dessa outra face que necessitamos falar. Devemos contribuir para o bem-estar dos animais nos doando a eles e denunciando aqueles que maltratam os seres mais puros da Terra. Só nos comportando como bicho é que valorizaremos os outros bichos.


 

Foto de capa autoral: Mel e Suzy tomando sol no quintal, cachorras adotadas pela colunista.


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