IA E CAPITALISMO
- Ananda Almeida
- há 4 minutos
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O uso da IA como ferramenta de potencialização do capitalismo
O avanço da tecnologia da inteligência artificial (IA), tem provocado transformações profundas nas dinâmicas sociais, econômicas e produtivas do mundo contemporâneo. No contexto capitalista, marcado pela busca incessante por lucro, produtividade e eficiência, a IA surge como uma aliada estratégica e personalizada.
Esse texto nos convida a fazer uma reflexão sobre como o uso da inteligência artificial favorece o sistema capitalista e contribui para que ele continue perpassando firmemente ao longo dos anos.
A IA como aliada do capitalismo
A inteligência artificial, nesse contexto, pode ser definida como a capacidade de sistemas computacionais em simular processos cognitivos humanos, como aprendizado, reconhecimento de padrões e tomada de decisão. No mercado globalizado que nos cerca, empresas diariamente utilizam algoritmos inteligentes para analisar grandes volumes de dados, automatizar tarefas e otimizar recursos. Essa tecnologia oferece respostas mais rápidas as necessidades do mercado, favorecendo o crescimento de grandes corporações e intensificando a concentração de capital.
O capitalismo, como sistema econômico baseado na acumulação de capital e na exploração do trabalho, encontrou na IA uma ferramenta que potencializou sua lógica central. Ao substituir a mão de obra humana em diversas funções, a IA reduziu significativamente os custos operacionais e ampliou a margem de lucro das empresas, oferecendo ao sistema capitalista um resultado ainda melhor do que o esperado.
Portanto, a IA vem se firmando como a aliada perfeita. Tendo em vista que ela possibilita que o sistema se expanda através dos seus serviços otimizados e se consolide através da sua eficiência, a IA oferece o suporte necessário para que o capitalismo continue funcionando e se mantenha cada vez mais firme na nossa sociedade.
A IA e o consumismo excessivo
Outro aspecto fundamental é o papel da IA na personalização da experiência do consumidor. Plataformas digitais utilizam algoritmos para mapear nossos comportamentos, preferências e hábitos de compra, promovendo anúncios direcionados e aumentando significativamente a eficácia do marketing.
O algoritmo utilizado por eles foi desenvolvido para identificar nossos desejos específicos sobre determinado produto, serviço ou evento, dentre uma infinidade de coisas. A partir dessa identificação, eles nos direcionam anúncios específicos, muitas vezes de coisas que fazem parte do nosso dia a dia, consequentemente aumentando a probabilidade de compra.
Essa personalização singular impulsiona o consumo ao mesmo tempo que aumenta o ciclo de produção e lucro, que é característico do sistema capitalista.
Além disso, a IA possibilitou o surgimento de novos modelos de negócio, como os baseados em plataformas e dados, como por exemplo empresas como Amazon, Google e Facebook. Esses modelos utilizam a nossa informação como mercadoria central, explorando o nosso comportamento enquanto usuário para gerar valor econômico. A economia da atenção, mediada por IA, transforma nosso tempo e nossos dados em produtos altamente lucrativos.
Além da substituição da mão de obra humana, a inserção da IA no sistema capitalista também acentua a desigualdade social. A concentração de tecnologia nas mãos de poucas pessoas e países reforça a dependência tecnológica das nações que ainda estão em desenvolvimento e amplia a desigualdade entre as classes sociais, pois a maioria dos serviços ofertados pela IA são pagos, mas apenas a minoria da população tem condição de pagar por esses serviços.
A inteligência artificial, ao ser incorporada pelas lógicas do sistema capitalista, atua como um acelerador da produtividade, do consumo excessivo e da acumulação de capital. Se, por um lado, permite avanços tecnológicos e otimização de processos, por outro, ela contribui para a concentração de poder econômico, aumento das desigualdades sociais e da precarização do trabalho.
IMAGEM: Medium
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