A tecnologia 360º, também conhecida como VR (virtual reality/ realidade virtual) nos permite visualizar espaços a partir de todas as suas dimensões. As pinturas e locais apenas existente em um universo virtual e estão inclusos como ideia de locais que podem ser explorados nessa outra dimensão.
Entretanto, explorar esses lugares só era possível através de um óculos especial ou de um cardboard (papelão com uma lente específica) que acompanha a cabeça do espectador. Além de um aparelho de celular que tenha giroscópio, função que suporta esse aparato de funcionalidade.
Apesar de bem interessante a ideia de imersão que essa tecnologia oferece, podendo experimentar estar em outros lugares do mundo sem sair de casa, não substitui o contato físico e a experiência de ver junto, oposta ao da individualidade de ver sozinho através de um par de lentes.
O estar no mundo não virtual, olhando sem a mediação de óculos especiais ou de telas de celulares, computadores e tablets, é ainda mais fascinante. Porém, nem sempre tão interessante para as gerações que já nasceram imersas com a tecnologia. O desafio para os educadores e pais é o de conseguir apresentar clássicos a essas crianças e adolescentes de uma forma que não pareça monótono, entediante ou chato.
No mundo das artes plásticas parece que há alternativas para que a geração Z sinta-se em confluência com as obras apresentadas. A transposição de telas clássicas para o formato virtual, com direito a música e a animações é uma delas. Ver o quadro do quarto de Van Gogh projetado de forma que realmente pareça que estamos ali modifica a forma do espectador se conectar com a arte.
No chão do espaço da “galeria”, o chão do quarto representado na pintura está projetado, assim como nas paredes estão a cadeira e a porta, um pouco mais distante, no mesmo espaço, a cama, tal qual na pintura original. De fato, estamos vivendo a experiência de ver os detalhes da obra e mais, se inserindo nela. Além disso, o meio que essa ilusão é feita é totalmente contemporâneo e mais imersivo do que parece.
A exposição Impressionistas que tem rodado o Brasil, através da empresa Lightland, usa a tecnologia de vários retroprojetores em um pequeno espaço de paredes brancas. A exposição que dura cerca de 40 minutos e permite que o espectador vivencie as obras de arte escolhidas pela curadoria desse projeto.
Nas paredes e no chão, as projeções não apenas do Quarto em Arles, de Van Gogh, mas também de A noite estrelada e Os girassóis. Além de poder apreciar o máximo da obra, imagina ter a experiência de se tornar o próprio quadro? Com a maximização da técnica de pintura em seu rosto, ficar na frente dos projetores te permite fazer parte da obra já que a imagem se projeta no espectador, obra e espectador se fundem.
Outro fator interessante da exposição são as narrações dos Diários de Van Gogh e um pouco desse sentimento que move o artista em sua técnica circular e seu azul marcante. Ou seja, a experiência além de visual é auditiva, já que nos parece que ele está presente ali de alguma forma, para além das projeções de sua obra.
A música que acompanha as projeções também nos permite a experiência imersiva, proporcionando que o espectador sinta-se inundando pela sensibilidade das imagens diante de si. Também, a exposição permite que o observador olhe várias imagens ao logo da galeria sendo essas uma continuidade da própria obra, muitas são manipuladas digitalmente, criando uma espécie de animação, algo parecido com o GIF. O que antes era estático, se torna cinético o tempo inteiro, proporcionando a presentificação e o movimento não só do espectador, mas da própria obra artística.
Não precisa ser nenhum conhecedor de arte para apreciar esse tipo de exposição, já que muitas vezes elas mostram obras principais de grandes pintores renomados. Foi o caso dessa apresentação dos Impressionistas, que para além de Van Gogh, artista principal exposto, foram mostrados quadros de Renoir, Monet, Manet e Cezanne. Todos nesse formato interativo.
Já para quem entende um pouco de artes plásticas, ver uma outra forma de exposição e colocar o corpo para ter uma outra experiência de apreciação se torna algo interessante ou ao menos diferentes para quem costuma frequentar museus e galerias tradicionais.
Apesar de defender a ida a museus e galerias de arte convencionais, sinto que esse tipo de exposição pode ser uma aliada para que o público, principalmente os mais jovens, sintam curiosidade de ir nesses locais e procurar outros artistas fora do eixo contemporâneo, abrindo mais ainda os leques do conhecimento.
Foto de capa: A noite estrelada, Van Gogh, exposta no espetáculo Lightland. Fonte: <https://www.noticiasavera.com.br/espetaculo-lightland-da-vida-a-quadros-de-van-gogh-e-outras-obras-primas-de-150-anos/>
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