CELULAR E REDES SOCIAIS: VILÕES OU ALIADOS?
- Paula Dultra
- 5 de fev.
- 3 min de leitura

Será que o celular e as redes sociais são mesmo vilões?
Recentemente, assisti a uma palestra que falava sobre como as redes sociais podem viciar, levando à nomofobia (CID10), "emburrecer" as pessoas e causar problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e comparações excessivas. Sim, isso pode acontecer. Mas, naquela ocasião, não ouvi ninguém falar sobre o outro lado. Por isso, pergunto: será que o celular e as redes sociais são mesmo vilões?
Não necessariamente. O celular e as redes sociais são ferramentas, e o impacto que têm depende de como são usados. Eles podem ser vilões quando, como já falamos, prejudicam a saúde mental, causam dependência ou atrapalham relações pessoais. Mas será que, quando isso acontece, a condição mental dessas pessoas está realmente em dia? Será que, para uma pessoa com questões de autoestima, seguir os gurus do marketing digital não vai piorar tudo?
O problema não está no celular em si, mas no uso exagerado ou inadequado. Estudos da UFMG indicam que o uso excessivo de telas está relacionado a uma piora da saúde mental, independentemente da idade, podendo levar a sintomas de estresse, depressão e ansiedade. A estatística não mente!
Por outro lado, os celulares e as redes sociais podem ser aliados de diversas formas. Cito alguns exemplos:
● Comunicação: Eles aproximam entes queridos que estão longe, minimizando a saudade.
● Oportunidades durante a pandemia: A pandemia de 2020 nos deixou algumas lições, entre elas sobre como a tecnologia é necessária de várias formas. No âmbito pessoal, reduziu as distâncias, e no profissional, quando inúmeras pessoas perderam os empregos, tiveram a oportunidade de criar novas formas de ter uma renda ou aprender um curso e mudar de profissão.
A comparação acontece, é comum, mas cabe a você saber lidar com isso ou buscar orientação profissional. Tomando-me como exemplo, na pandemia, perdi grande parte da minha renda. Comecei a querer fazer cursos e me posicionar de forma diferente, o que me causou uma ansiedade grande. Ainda bem que tive saúde mental para racionalizar e entender o que eu podia fazer diferente. Todo mundo estava falando de estratégias e marketing digital, mas pouco se falava de design. Eu sou designer há mais de 20 anos, então usei isso a meu favor e me articulei com as pessoas certas. Com isso, dei aulas, cursos, mentorias, vendi pacotes de artes prontas. Posso dizer? O Canva me salvou.
Hoje em dia, por exemplo, já se estuda a Creator Economy. Segundo o YouPix, estudos mostram que as redes sociais são responsáveis pela mudança de classe social. Em 2023, a economia global dos criadores foi avaliada em US$ 127,65 bilhões e apresentou uma projeção de crescimento para US$ 528,39 bilhões até 2030, com um aumento anual de 22,5%.
A lista é imensa, mas eu queria destacar o senso de comunidade e o ativismo em causas sociais. Ambos podem ser em diversos nichos, mas falando de saúde, vou contar a minha experiência com o câncer.
Há quase 15 anos, fui diagnosticada com câncer de mama aos 30 anos. Fui para a internet procurar informações? Claro! Mas também procurei me conectar com pessoas offline e, pasmem: não conhecia quase ninguém da época. Criei um blog e passei a "traduzir" os conceitos que ia aprendendo e decidi que eu ia ser a pessoa que procurei e não achei para compartilhar. Contei histórias diversas, passei minha experiência e hoje posso acolher as pessoas que buscam apoio na internet. Faço parte de um grupo enorme de voluntários de diversos tipos da doença, que fazem o mesmo trabalho que eu. Hoje também consigo atuar com políticas públicas, através da ONG Oncoguia, e mobilizar a minha comunidade para fazer parte de uma mudança. Sim, tudo isso e muito mais através das redes sociais.
O celular e as redes sociais podem ser vilões, sim, mas será que são tanto assim? Ou somos nós que buscamos preencher buracos, suprir o que está faltando em nossas vidas?
Vamos refletir?
FONTE DA IMAGEM: Canva
Nunca enxergo tecnologias como vilãs,maa o que o homem faz delas.