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AO OCUPARMOS UM CARGO COM ROTINA SOB PRESSÃO, ANULAMOS NOSSAS EMOÇÕES, OU APRENDERMOS A LIDAR?





*Stephanie Nascimento


Quem me conhece bem, sabe que, apesar de ser da geração tecnológica, conectada, full time e streamer, não sou tão adepta à essas coisas. Parece estranho né? Uma Gestora de Design que não vive tanto em sua vida o universo que projeta e no qual trabalha. Mas sinceramente, não consigo ficar horas e horas na frente de uma tela, maratonando algo fora da realidade ou rolando um feed, que muitas vezes nos entretém com gatilhos negativos.


Porém, algo icônico aconteceu essa semana. Eu que assisto um episódio de 40min fracionadamente em um mês, escolhi aleatoriamente (e pelo título apenas, por ser algo próximo da minha profissão) uma série a qual me permiti assistir um episódio inteiro (pasmem, de 1h) completo. E depois mais outro. E outro.


Agency. Nome simples, objetivo, e cá pra nós, a série possui uma ótima fotografia. O enredo é centralizado na trajetória de uma mulher que não teve uma infância e adolescência fácil, mas almeja ser CEO de uma agência de comunicação de referência do país. Uma funcionária exemplar, dedicada, inteligente e muito estratégica. Ora, ora...talvez eu gostei porque me identificava um pouco com alguns pontos.


Mas sigamos sem spoilers ...


No fim de cada episódio, lhes garanto que eu reclamava "aff, assisto, assisto, e ainda está no 3° episódio de 16...."; reclamei em todos. Sem exceção.


Srª Go A-In enfrenta muitos desafios (e nem vou entrar no viés social, de ser uma mulher de família pobre, que almeja uma posição de liderança numa grande corporação). Hierarquia empresarial extensa, equipe dividida, ansiedade, estresses...E nesse turbilhão em busca de seu "sucesso", esqueceu de si.


Sempre perspicaz, e como uma excelente diretora geral de criação, identificava previamente os problemas e projetava uma solução - claro, não facilmente, nem sozinha, pois ao contrário do que muitos pensam, a realidade de ser um profissional do ramo de comunicação requer uma equipe, e muito, mais muito trabalho árduo.


Mas ela não conseguiu identificar um: o reencontro com sua mãe, após 35 anos do seu abandono. Aqui está o ponto principal desse texto: não importa quão bom sejamos no que fazemos, estamos todos suscetíveis à falhas. Somos humanos, mesmo vivendo cada vez mais freneticamente como se não fôssemos um.


Essa situação despertou o seu lado humano, fez com que ela começasse a perceber que o sucesso profissional, só é alcançado quando se tem o sucesso pessoal também - bons relacionamentos e gestão emocional. Já um tempo decidida a não utilizar os remédios que mascaravam suas emoções, ficou fácil perceber o mundo de forma real. Passou a tratar a equipe de forma humanizada, preocupou-se com a ergonomia do ambiente de trabalho, saiu para jantar, praticou atividade física, e perdeu algumas propostas de projeto para a concorrência, decidida a não disputar pelo ego, e sim, pelo objetivo real do projeto.


Ocupar um cargo onde se é pressionado constantemente, exige muita energia. E infelizmente, deixo aqui uma realidade: as profissões criativas sofrem muito com isso. Não é porque trabalhamos sentados, criando design, arte, redações, roteiros, entre outros, que é fácil. Não é porque atualmente a inteligência artificial é de fácil acesso, que nosso trabalho foi facilitado. Pelo contrário, ainda nos esforçamos muito para entregarmos o melhor de nossa inteligência. Afinal, ela é única por conta de nossas emoções.


Emoções essas que horas são armas, horas são fraquezas nas lutas diárias. Logo me lembrei que certa vez a minha orientadora profissional Gisele Dias me disse: "Teeca, você sempre conseguiu tudo na base do esforço, na força do braço. Sua rotina é lutar para conquistar, mas não anule suas fraquezas, elas existem, e também não se culpe pelo resultado de uma luta que não foi como esperava". E isso mudou muito minha forma de trabalho, o modo como me permito viver a profissão.


O mundo é um lugar bom, e nós temos que viver uma vida longa e saudável.¹ Atualmente normalizaram o profissional "faz tudo", caso contrário ele não é bom. Normalizaram o profissional que "obedece por ter juízo", caso contrário ele é rebelde. Normalizaram o profissional "segue o roteiro", caso contrário as ideias dele são fadadas ao fracasso.


Até onde é válido reduzirmos nossa inteligência e emoções, se é que é realmente válido?

Independente da função que você leitor ocupa hoje, que esse texto sirva de alerta. Seja você um gestor ou colaborador.


Você já parou para pensar que em alguns casos parece proposital e hilário "as empresas fazerem com que o funcionário não queira trabalhar?" ¹

Como lidar com nossas emoções no ambiente de trabalho desgastante? Afinal de contas, somos humanos (ainda que esqueçamos um pouco disso).


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* Designer. Instagram: teecanascimento



¹ reflexões da série. Imagem: https://photos.hancinema.net/photos/photo1627494.jpg Fonte da Imagem: Hancinema


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