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Foto do escritorEquipe Soteroprosa

Aborto e o falso amor materno de um ventre ocupado






Maternidade para mulher é abster-se da sua própria vida.


Paternidade para o homem é poder abster-se da sua própria paternidade.


Com essa frase quero trazer uma reflexão séria sobre a temática do aborto que inundou as manchetes do Brasil e do mundo nessa semana.


Eu fui por muitos anos, e por razões religiosas, contra a legalização do aborto. E por isso, quero afirmar categoricamente qual foi meu erro e porque mudei de ideia.


Um ventre ocupado não significa maternidade ou paternidade. O amor ao filho depende de uma relação parental, que é uma construção. Para homens, esse sentido é aceito e até diminuído. Homens sem qualquer intimidade com os filhos mantêm o título de pais por muitos e muitos anos.


Para mulheres, o ventre ocupado parece ser suficiente para determinar a relação de amor mãe e filho. Por isso, as pessoas pró-vida não aceitam o aborto e até a entrega da criança, mesmo em casos de violência.


É nessa visão que eu alimentei minhas ideias contra o aborto. Matar o que está no ventre seria igual a matar o filho que eu tenho hoje. Mas não é. O amor humano é condicional. Logo o amor materno também é condicional. O ventre ocupado por medo, violência, dor, angústia, raiva, tristeza não tem espaço para a construção e logo, para o amor maternal.


Mesmo quando o que está no ventre se materializa na nossa vida, sem apoio, necessidades materiais mínimas, respeito, descanso, o amor também tem dificuldade de acontecer.


Assim, encare a realidade do que um ventre ocupado pode trazer e dê às mulheres a opção de escolher, diante dessa situação, o que lhe perpassa. Se não houver a melhor condição para ela, nenhum ser será bem vindo. Apenas tolerado as custas de uma saúde mental danificada.


Queria poder dizer a mesma coisa sobre os homens, mas a sociedade já liberou eles há muito tempo de qualquer responsabilidade, imagina de sentir amor!


Faço essa desabafo por amor a criança grávida a qual foi negado o direito ao aborto.


Pela mulheres brasileiras horrorizadas com o manual do governo sobre aborto.



Pelas americanas que perderam um direito constitucional de muitos anos.



E pela atriz Klara Castanho que sofreu uma violência imensa, fez o certo e teve sua vida exposta e desrespeitada.




Estamos juntas! 👊



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