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“Nós amamos odiar, nós odiamos amar”

Foto do escritor: Equipe SoteroprosaEquipe Soteroprosa

Manson e o Brasil

Esse título é a tradução de um trecho da música “Irresponsible hate anthem” (Hino do ódio irresponsável), de Marilyn Manson (1996). Ela abre o álbum “o anticristo super star”. Faz parte do ciclo um de três ciclos que agrupam as faixas do o álbum (O Hierofonte, A inauguração do Verme, a Ascensão do Desintegrador)*.


Mas por que falar de Marilyn Manson nos dias atuais para pensar no Brasil de 2020, em meio a uma pandemia, em meio a uma luta política entre defensores da democracia, de um lado; e amantes do facismo, nazismo e da ditadura militar nos dias de hoje?


Adolescência: Manson e Eu


Bom, quando o disco mencionado foi lançado, eu tinha apenas 9 anos. Só passei a ouvir mesmo lá pelos quatorze ou quinze. Era estudante ainda de ensino fundamental, bem “atrasado” para minha idade. Reagia ao bullying por questões de aparência (estética), sentimentos de rejeição e de raiva com indisciplina escolar, brigas quando “dava” e “fugas” sempre que podia. Ouvir Marilyn Manson, além de tá na época talvez de seu auge, era libertador, como qualquer bom rock. Eu mal entendia a letra (era época de esperar traduções de clipes na MTV, de celulares caros com SMS e da raridade de se ter um computador em casa se você não fosse pelo menos de classe média).


Vida adulta: eu e “ele”, hoje


Tive acesso à universidade. Sou sociólogo e estudante de antropologia. Estou familiarizado com alguns idiomas além do português, mas em tempos de Streaming, TV a cabo, Internet e telefonia móvel 4G, fica mais fácil entender músicas estrangeiras sem depender tanto de si próprio. Juntando a tecnologia com minha bagagem de estudos, então entender Marilyn Manson, assim como a mim mesmo no passado (ou produzir um novo sentido sobre experiências anteriores), ficou mais “fácil”.


Conclusão


Eu me identificava com Marilyn Manson. Eu tinha raiva da “sociedade”, da “religião” e da “hipocrisia”, também da “política” e da “autoridade” (do Estado ou da Família e, mais tarde, da autoridade acadêmica do saber, do marxismo, da esquerda também – toda personificação da autoridade me incomodava e me incomoda até hoje [para uma leitura crítica e positiva da autoridade DA EXPERIÊNCIA, ver Hans-Georg Gadamer]). Em 1996, a música de Manson se dirigia à sociedade estadunidense e, digamos com a antropologia clássica, à cultura daquele povo. Portanto, era uma crítica ao seu próprio povo. “Amamos odiar e odiamos amar” era um hino que representava o estado da sociedade daquela época (há um momento em que ele fala, “nós estupramos o estuprador” [na época não se falava bandido bom é bandido morto”]). Não é uma infeliz coincidência que, hoje, no Brasil, uma mulher saia na rua com um lenço com a bandeira norte americana e brasileira e com um taco de baseball. Não, não estou criticando “a sociedade norteamericana”, estou dizendo que parte daquela população, com certeza não os negros e as negras que se rebelaram contra mais um assassinato de um irmão (George Floyd – que jamais seja esquecido!) pela polícia branca, ainda é a mesma sociedade denunciada por Manson. Portanto, ainda hoje, o mesmo vale para parte da “sociedade brasileira”. Não se pode usar a democracia para pedir o seu próprio fim, pois isso encerra um regime político e dá início a outro regime, no caso brasileiro, um regime autoritário.


PS: o texto acima não reproduz de nenhuma maneira ou em qualquer hipótese, um texto científico; trata-se, no máximo, de uma crônica sem regras formais do gênero. Mas, agora, deu pra entender por que “a sociedade” tem tanta repulsa a Marilyn Manson?


* Fonte: blog de um fã-clube do cantos.


Link: https://whiplash.net/materias/cds/180656-marilynmanson.html


1: Fonte da imagem: https://th.bing.com/th/id/OIF.7RCrf4BjrOh27plYZ0PWQQ?w=285&h=162&c=7&o=5&pid=1.7



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