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Foto do escritorEquipe Soteroprosa

Esperança e medo em tempos de pandemia


A pandemia da Covid-19 tem nos obrigado a modificar todo o nosso cotidiano. A todo momento nos deparamos com o imperativo “fique em casa!”. Um fator externo e independente da nossa vontade nos obrigou a desacelerar, diminuir o ritmo e modificar a rotina. Uma contingência passou a condicionar a liberdade de cada um. Agora temos que lidar com o isolamento social, tédio, carência de recursos financeiros, incerteza sobre o futuro e a manutenção das despesas, necessidade de ir trabalhar mesmo em meio à pandemia, aumento da violência doméstica e uma série de outros problemas que sempre existiram mas estão em latência por causa da nova situação imposta pelo vírus.


O ser humano cultiva desde muito tempo a crença de Protágoras de que “o homem é a medida de todas as coisas”, sendo assim, a partir desse ponto de vista, tudo ocorre em função do ser humano, aliado a esse pensamento também existem superstições referentes ao fato de que a aflição generalizada por uma pandemia mundial seria fruto da ira divina, do juízo dos deuses contra a maldade humana. Essas duas crenças levam o ser humano a dois afetos que segundo Espinosa são extremamente maléficos à existência humana: de um lado a esperança e do outro lado o medo. Gostaria de defender neste texto um apelo à substituição da esperança e medo pela serenidade e solidariedade.


O medo faz com que as pessoas tomem atitudes completamente irracionais e individualistas, como, por exemplo, esvaziar as prateleiras do mercado ou comprar todo estoque de álcool em gel. A esperança é uma palavra muito bonita, mas esvaziando todo romantismo do termo ela diz respeito a expectativas que muitas vezes não dizem nada sobre a realidade. Criar expectativas sejam elas positivas ou negativas só nos levam a uma anestesia temporária do real. No entanto, diante de uma situação pandêmica precisamos de lucidez e responsabilidade.


A pandemia ocasionada pelo Coronavírus tem nos feito lidar com o medo da morte. Viver é uma estrada na qual o destino inevitável é a morte, e no entanto a iminência desse fato nos faz entrar em desespero, sobretudo quando ela vem por meio de um vírus que tem dizimado dezenas de milhares de pessoas ao redor do mundo. O medo pode ser tão forte ao ponto de gerar efeitos psicológicos que fazem com que a pessoa sinta falta de ar, palpitações e outros sintomas similares aos causados pela covid19.


Por outro lado, a esperança faz com que algumas pessoas se apeguem a crença de que esse vírus não vai chegar até elas, seja porque estão guardadas por uma força superior divina seja porque duvidam da existência ou da gravidade de tal doença.


A esperança deixa as pessoas cegas, tanto quanto o medo, de um lado o desespero do outro a displicência. O que mais precisamos é de bom senso. No entanto, na contramão de todos os líderes mundiais, Bolsonaro chama a covid-19 de gripezinha e adverte os governantes a abandonarem o conceito de “terra arrasada” e orienta a população a voltar à vida normal sem as medidas de isolamento social tão cruciais para o achatamento da curva de contágio e preservação do sistema de saúde. A atitude do presidente é extremamente irresponsável. Alguns aplaudiram essa postura visto que a fala dele corrobora com a mentalidade delirante que minimiza os efeitos do vírus. Para outras pessoas a fala do presidente transmitiu uma sensação de desamparo, de abandono do governo, de que a economia vale mais do que os óbitos da pandemia. O fato é que os governadores e prefeitos e o próprio ministério da saúde estão lidando com a situação de forma contrária ao posicionamento de Bolsonaro e isso tem surtido efeito diante da crise.


O coronavírus nos obrigou a lidar com o isolamento social. Isso nos colocou de frente com o tédio, solidão e problemas de convívio familiar que há tempos evitávamos lidar, muitas questões que antes eram jogadas para debaixo do tapete hoje estão em evidência. É tempo de lidar com a realidade da forma como ela se apresenta, sem medo ou esperança, precisamos colocar os pés no chão e manejar a crise da maneira mais tranquila que conseguirmos. Abandonar o excesso de pensamentos e projeções e tomar medidas de higiene e segurança reais. A vida é a manifestação do aqui e agora, e o momento presente tem nos solicitado uma postura de introspecção, solidariedade e priorização do coletivo. Cuidem-se, a maneira como reagimos a um tempo de crise diz muito sobre a humidade de cada um. Portanto, fiquemos em casa!!



Referência da imagem:


https://www.agazeta.com.br/es/gv/sobe-para-tres-o-numero-de-casos-confirmados-de-coronavirus-no-es-0320

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